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O mar dos sentimentos



Era novembro de 2016 e já havia 3 dias que eu não saia de casa. Lutando com uma crise emocional profunda que começou depois do término do meu primeiro namoro. Na verdade, esse vazio já existia dentro de mim há muito tempo. E eu me escondia dele tentando ser um bom namorado, um bom filho, um bom amigo, um bom aluno, um bom cristão. Mas havia muito tempo que eu me sentia invisível pra mim mesmo. Tentando ser tudo o que todas as pessoas esperavam de mim. A única coisa que conseguia fazer era navegar sem destino na Internet e comer compulsivamente tudo o que encontrava pela minha frente. Eu queria ser uma pessoa diferente. Não queria ser aquela pessoa emotiva que sempre atrapalhava tudo. Queria ser alguém sem sentimentos. Talvez assim, eu parasse de estragar tudo. Num ato de coragem ou de desespero profundo, ou por não ter mais lágrimas ou comida na geladeira, sai de casa pra pedir ajuda. Eu não sabia o que fazer.

Subi um andar de escadas e bati na porta de uma vizinha, da minha cidade, que morava no terceiro andar.


E te perguntei como se pedisse por uma luz de esperança:

-"O que é amor próprio?"


Ela me ofereceu água e me acalmou. E disse que também não sabia. Rimos e choramos juntos. Pelo menos não era só eu que me sentia assim.


Essa pergunta guiou todas as minhas decisões e buscas nos últimos 8 anos da minha vida. E eu fui por muitos lugares perguntar, tentei centenas de coisas para tentar ser uma pessoa diferente. Para que eu não tivesse tanto medo de sentir. Para que eu conseguisse viver e não só sobreviver pelo meu tempo na terra.


Eu errei muito. Me afoguei nesse mar de sentimentos que existia dentro do meu peito e que não fazia sentido. Machuquei muitas pessoas, mas principalmente machuquei a mim mesmo. Numa tentativa de ser melhor do que eu era, numa tentativa de polir todas as arestas que me fazia parecer fraco. Numa tentativa de cumprir expectativas de ser uma pessoa fantástica, que todos iriam admirar e amar pelos meus feitos. Eu só precisava ser forte e não ter sentimentos.


Essa jornada de auto conhecimento foi me trazendo pra mais perto de mim. Mais perto da minha espiritualidade, mais perto de descobrir a minha voz no mundo. Uma pergunta se transformou em várias outras. O que eu quero? Eu posso querer as coisas? Qual o meu propósito? Quem eu sou?


Até que esse ano eu tive uma experiência reveladora. Não foi um fato isolado, foi o acumulo de todos esses erros. De todos esses aprendizados. E eu entendi que eu errava não por sentir, mas por ter medo dos meus sentimentos. Eu entendi que o que estava errado era a minha tentativa de ser um outro alguém. Eu já era alguém. Eu entendi que a perfeição não existia, porque a imperfeição é a condição de ser humano. Eu descobri a beleza de ser eu, na minha versão mais autêntica e sincera possível. Que meus sentimentos não eram intensos. Eram apenas sentimentos. E a confusão acontecia quando eu reprimia eles debaixo do tapete.


A maior lição é que o amor próprio tem cara. Tem jeito. Tem forma. E da pra aprender. Eles são as habilidades que me permitem ser eu. Sem ser para agradar os outros e porque nós seres humanos só nos entendemos na nossa imperfeição. Não são as partes polidas do nosso ser que nos aproxima, mas as partes em andamento, os pedaços partidos de onde transborda o amor.


Esse projeto é uma tentativa imperfeita de colocar em palavras tudo o que eu aprendi sobre amor próprio. Todas as habilidades, todas as ideias e pensamentos, todos os erros que eu tive para que você que está lendo, se lembre que você já é alguém hoje. Que você merece ser amado por ser imperfeito, porque você também ama outras pessoas completamente imperfeitas.


Eu sou a prova viva de que só o amor pode revolucionar. E essa é minha pequena contribuição.


Todas as quartas-feiras, ás 19:30. Te espero aqui.


Higor.

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