top of page

Tenho vergonha do que?



Sentir vergonha é um sentimento natural comum a todos nós. No entanto, para algumas pessoas o sentimento de vergonha exagerado é um dos grandes bloqueios para se permitir ser autêntico e amar a si mesmo. Para se desenvolver emocionalmente, o primeiro passo é entender qual o meu estado de maturidade emocional para lidar com algumas emoções fundamentais. No post de hoje, vamos abordar a vergonha e como ela impacta na nossa percepção de nós mesmos. De onde nossos comportamentos de vergonha nascem e como isso bloqueia o desenvolvimento das qualidades do amor próprio.


Imagine a seguinte situação:

"Você tem 10 anos de idade e esta brincando na mesa da cozinha da sua casa. Na tentativa de arrumar o seu brinquedo que está com uma peça solta, você o bate na mesa algumas vezes para que o encaixe volte ao lugar. Ao terminar de arrumar e olhar a mesa, você percebe que fez vários buracos na mesa onde você bateu o brinquedo."


Como você reagiria a essa situação?


Uma reação saudável seria perceber que cometeu um erro, ir até um dos seus pais e assumir a responsabilidade pelo erro, contando a história do que aconteceu. E perguntando o que poderia fazer para consertar. E principalmente, internamente você saberia que erros acontecem e que isso não te faz ser um filho ruim.


No entanto, essa não é a realidade de muitos de nós, inclusive não seria a minha com 10 anos. O que muitos fariam seria tentar esconder com o forro para que ninguém percebesse, até que alguns dias tivessem passado e quando questionado dizer que não havia sido eu. Em outros casos, colocaria a culpa no meu irmão, ou então tentaria jogar para outra pessoa, porque meu pai ou minha mãe não estavam lá para me ajudar. Ou de muitas outras formas criativas para que meus pais não acharem que tinha sido eu. E isso é um exemplo de comportamento que chamamos de vergonha tóxica ou vergonha desproporcional.


Essa reação esta profundamente ligada com o medo, que abordamos no post anterior a esse. Então vamos focar somente no sentimento de vergonha.


Porque então sentimos essa vergonha tóxica?


Uma das principais diferenças da percepção do mundo entre crianças e adultos é de que uma criança acredita que ela é o centro do universo. Então tudo que acontece com ela, ela acredita que é por culpa dela. Seja por algo que ela fez ou por alguma característica física, social que ela tem. Por exemplo, é comum que crianças acreditem que é sua culpa da separação dos pais, ou não ter dinheiro para comprar um presente. Ou quando os pais saem para trabalhar e ela se sente sozinha, ela começa a internalizar esses sentimentos que há alguma coisa de errado nela. E nós como adultos, ou no final da adolescência, temos condição de entender que as coisas não são assim. Conseguimos separar a causa da consequência, ou deveríamos ao menos.


Quando esse sentimento é internalizado profundamente e a pessoa não tem auxílio para superar esses sentimentos, ela começa a acreditar que é ruim ela ter necessidades, porque é o caminho mais rápido para aquele desamparo emocional que já experienciou tantas vezes.


Então viramos mestres em tentar esconder nossos erros, ou criamos ansiedades desproporcionais por não poder errar. Começamos a cuidar das necessidades de todas as pessoas ao nosso redor, porque inconscientemente esperamos que eles venham cuidar das nossas quando nós precisamos. E assim, a percepção do nosso valor é externa a nós. Porque nos condicionamos a estar felizes quando fazemos os outros felizes. Estamos felizes e aliviados de não darmos trabalho e sermos bons filhos, ou de ter que fazer tudo de forma perfeita, para evitar o sentimento de vulnerabilidade, de demonstrar que temos necessidades e desejos. De mostrar que somos humanos.


Porque no nosso inconsciente temos uma crença de que por causa de uma, ou algumas características, na minha personalidade, no meu corpo, na minha condição social que eu tenho vergonha, faz com que eu não me sinta digno de ser amado ou querido. E nos coloca num ciclo sem fim de buscar aprovação do outro. Enquanto na verdade, isso incomoda somente a nós mesmos e todas as pessoas estão muito preocupadas com seus próprios problemas.


Exercícios:

  • você acredita que é normal as pessoas terem necessidades (escovar os dentes, receber um abraço, beber água, cuidar de você quando você se machuca, falar sobre os seus sentimentos, etc) e tê-las não faz você ser carente ou pior que alguém?

  • você acredita que é normal as pessoas tomarem responsabilidades por satisfazer suas próprias necessidades? você cuida das suas necessidades?

  • você consegue identificar quais as partes de você que tem vergonha e perceber situações onde tê-las te fez acreditar que não merecia ser gostado? escreva em um diário e converse com alguém sobre os resultados desses exercícios. deixe que a pessoa te ajude a entender que essas características te fazem um ser humano e que independente delas, você merece ser amado como você é.


No próximo post, falaremos dos mecanismos que usamos para ganhar a aprovação dos outros. E como praticamos ganhar a aceitação de nós mesmos. Até lá.


Comments


IMG_3427.JPEG

Junte-se a Revolução.

Obrigado por fazer parte da Revolução.

bottom of page